domingo, 3 de fevereiro de 2013

Procura-se uma oposição





A bem da verdade, é eleitoreiro sim, o governo petista. Agrada o povo e recebe voto em troca. Como sempre deveria ser: toma lá, dá cá! Melhorou minha vida? Ganhou meu voto! Piorou? Dançou! Diminuir o custo da energia – que diminui o da indústria, que gera mais vendas, que geram mais empregos, que geram crescimento econômico e progresso – é ruim para quem cara-pálida? Como alguém, em sã consciência, pode discordar disso?
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A tragicômica reação do PSDB ao pronunciamento de Dilma, semana passada – no qual a presidenta anunciou os cortes nas tarifas de energia elétrica e garantiu que não há risco algum de apagão – revela uma crise existencial profunda no partido que já foi, em sua época de “glória”, la creme de la creme das forças democráticas e progressistas. Acusar Dilma de eleitoreira e exigir que não use vermelho por ser a cor do PT, foi vergonhoso. Os tucanos de hoje parecem um amontoado de senhoras invejosas, fuxiqueiras e rabugentas que continuam com seus burros amarrados na margem de lá… no século 20. Se vivo, Mário Covas morreria de desgosto!

A bem da verdade, é eleitoreiro sim, o governo petista. Agrada o povo e recebe voto em troca. Como sempre deveria ser: toma lá, dá cá! Melhorou minha vida? Ganhou meu voto! Piorou? Dançou! Diminuir o custo da energia – que diminui o da indústria, que gera mais vendas, que geram mais empregos, que geram crescimento econômico e progresso – é ruim para quem cara-pálida? Como alguém, em sã consciência, pode discordar disso? O que esperam que o PT faça em 2014? Que não use este argumento contra eles na campanha eleitoral?

O trágico é que o país precisa, sim, de uma oposição. É isso que fortalece uma democracia. O debate de ideias, o contraponto. Porque a unanimidade é cega e burra. A oposição precisa estar estruturada em argumentos e não em estratégias destrutivas que miram adversário político, mesmo que atinjam os interesses da nação. 

Diminuída nas Urnas a cada dois anos, a oposição vive à beira de um ataque de nervos há dez. Na divisão de forças políticas que sobreveio ao governo FHC, o PT atraiu os setores mais progressistas da sociedade, fez coligações e montou maioria parlamentar que deu sustentação ao governo Lula e todas as mudanças que já cansamos de enumerar. (A criminalização disso pelo STF, na 470, é inconstitucional. Ficará para a história como a maior lambança da justiça brasileira, segundo juristas de A a Z.)

À oposição restaram os reaças conservadores, remanescentes da ditadura militar. Gente que passou a maior parte daquele período locupletando-se nas esferas governamentais, sob o olhar conivente da justiça e da mídia. Ao longo da última década, por absoluta falta de ideias e renovação humana, demos e tucanos trataram de sobreviver, pequenos e mesquinhos, dentro do cenário político. A imprensa, vendo sua inépcia, assumiu o comando das ações de oposição ao governo federal. Mas nosso oligopólio midiático também amarga decadência galopante. Perdem credibilidade e força manipulativa a cada dia que passa. Resultado de um jornalismo que Marilena Chauí classifica de obsceno. Some-se a tudo isso, o crescimento da Internet, a blogosfera e redes sociais.

O PiG ainda pauta o debate, já que domina os meios de comunicação. Mas não consegue resultados nas Urnas. “Eu soube pela imprensa”, é frase comum nos meios políticos. Quando o correto seria a imprensa saber através dos políticos as coisas da política. Muitas vezes o fato nem existe, apenas querem criá-lo. Exemplo disso são os fuxicos que fazem circular desde a posse em 2011, sobre supostos desentendimentos, ciúmes e até traições, entre Lula e Dilma. Não cola: ambos são a face da mesma moeda. São co-autores do mesmo projeto social em curso no país.

Lula e Dilma reúnem-se periodicamente, por horas. Devem rir dos coitados das redações que são obrigados a assinar as besteiras que o patrão manda publicar. Outro dia mesmo, um editorialista da Folha confessou seu complexo de vira-latas, usando a tragédia do incêndio em Sta Maria: “Enquanto o Castelão, em Fortaleza, pretende inaugurar uma nova fase no entretenimento de massa no Brasil, vendendo ao mundo a ideia de que o país tem capacidade organizacional para eventos de grande porte, a realidade mostrava sua cara na boate Kiss.”

Já repararam? Não há, na ditadura midiática, uma única frase construtiva em relação à organização da Copa! Será que ninguém diz nada construtivo? Ou os chefes de redação dos jornalões e TVs barram qualquer matéria que fale bem do Brasil em tempos de governos petistas?

Como se vê, oposição e sua imprensa se recusam a acreditar no Brasil. A premissa dos donos do PiG é que somos vira-latas e assim devemos permanecer para a eternidade. Porque, no fundo, seu jornalismo é vira-latas de longa data. E agarra-se em nós, como um obeso se afogando. Quem vai querer salvar?

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