terça-feira, 13 de novembro de 2012

Afinal, de que Progresso estamos falando?


Postagem sugerida pelo Professor e companheiro Alexandre Rusciolelli
Texto produzido por: Eduardo A. Estevam – Doutorando em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor licenciado da rede municipal de ensino de Itabuna.


A história recente do sul da Bahia vem apresentando alguns dilemas no campo político e econômico (Porto Sul, demarcação de terras, entre outras querelas) passível de interpretação de historiadores. A principal tônica dos discursos políticos e empresarias, assim como do cidadão comum, situa-se na superação do atual estado das condições econômicas e sociais, para tanto somente a figura teleológica do Progresso poderá redimir esses sujeitos do estado em que se encontram. Problemas sociais de uma coletividade são complexos e jamais serão “resolvidos” apenas com planejamento. Hoje em dia a concepção de Progresso do discurso liberal e empreendedor é endossado acriticamente até mesmo pelos partidos de esquerda. 

O mito do progresso se apoia numa concepção de tempo historicista, um tempo cronológico e linear, um tempo único e homogêneo para todas as formas de organizações sócio-econômicas. Desta forma despreza-se ou silencia-se a respeito das mais variadas experiências históricas concretas de atividades econômicas e que, por vezes, os valores morais prepondera sobre as formas monetárias de produção e circulação de bens e serviços. Não podemos conceber que pequenos produtores rurais (agricultura familiar), comunidades quilombolas e indígenas tenham vivenciado o mesmo ritmo ou concepção de progresso presente no ideário hegemônico capitalista burguês. As diferenças fundamentais não residem no quanto determinada comunidade ou setor produz e gera empregos, mas sim em seus modos de vida, valores e concepções de trabalho. Daí falarmos em temporalidades, em diferentes formas de organização e produção social, em múltiplas formas de desenvolvimento. Esses grupos sociais numa sociedade marcada pelo conflito agrário, luta de classes e relações de poder, vivem em meio a temporalidades disjuntivas. 

O capitalismo progressista sempre procurou aniquilar as diferenças, destruir as identidades econômicas locais, interconectando espaços e homogeneizando a produção para acumulação de capital. A máxima “tempo é dinheiro” marca o triunfo do discurso capitalista sobre as diferentes concepções temporais de desenvolvimento. É inconcebível para os homens de negócios do capital pensar que para algumas comunidades rurais as plantas e os animais pertencem ao universo socioeconômico e estão submetidos à mesma regra que os humanos. Os desastres ambientais têm demonstrado por demais que não há um mundo separado de nós. 

Repensar por meio de novas formas de linguagem de desenvolvimento sem subordinar e hierarquizar as experiências singulares de produção e desenvolvimento é uma tarefa primária da agenda política que visa à transformação social. Os lugares  estão historicamente numa relação dialética e interdependente com a economia global, mas não podem ser sucumbidas por meio de discursos de que são “tradicionalistas” ou que não possuem “tecnologias adequadas”. Os territórios, os lugares, não são meros receptores passivos de políticas verticais, apesar de não possuírem força política efetiva, apresentam-se como “modelos” alternativos de vida e sociedade, não marcados pela c

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